Arena Instrumental 2010


A música pede passagem
A força e a energia percussiva latente em nossa raiz afro e indígena chega ao palco
da 3ª edição do projeto Instrumental no Arena

por Ábia Marpin 

O show Uma batida entre sopros e cordas é um momento novo para o Coletivo AfroCaeté, grupo percussivo formado há quase dois anos, habituado com apresentações em espaços abertos, com o peso de vários instrumentos e o reforço das loas e canções, embarca nessa aventura em busca de mais uma forma de experienciar a cultura popular.

Com um repertório baseado no experimento e no mergulho nos ritmos nordestinos, em especial os alagoanos, o baque pesado da alfaia, o repique da caixa, a cadência do agogô e o balanço das contas do xequerê recebem o reforço do violão, da rabeca e do pife e numa verdadeira festa que vai invadir o palco do Teatro de Arena Sérgio Cardoso.

O show que será realizado no dia 04 de novembro, a partir das 20 horas, está dividido em dois momentos. No primeiro, dentro do teatro, alguns percussionistas do grupo vão se revezar entre os instrumentos e passear por uma mistura de ritmos e timbres. Já no segundo momento, no pátio externo do teatro, o Coletivo AfroCaeté chega com sua formação completa, o peso de todos os seus tambores. O show é uma criação fruto de uma pesquisa coletiva e está sob a coordenação do Mestre Sandro Santana.

Participações mais que especiais
Chau do Pife, reconhecido instrumentista virtuoso do pife, generoso e parceiro do AfroCaeté em suas caravanas dentro e fora do estado, enriquece a noite. Aos que admiram o apuro técnico e a genialidade do músico que começa a tocar ainda na infância para espantar os passarinhos do milharal da família em Boca da Mata, no interior de Alagoas pode esperar ótimas surpresas deste encontro.

O Coletivo recebe ainda Luiz Martins, jovem maestro, regente do coral do Centro de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC) e multi instrumentista, que traz a sua experiência com a música erudita para uma conversa franca e descontraída com a cultura popular.

O ideal coletivo
O Coletivo AfroCaeté, grupo percussivo, de difusão e articulação cultural, foi formado em fevereiro de 2009, em Maceió, por iniciativa de um grupo de amigos de diversas formações e idades. Apesar de sua curta trajetória, desde a sua formação, o grupo vem conquistando espaços e parcerias importantes junto a outros movimentos de cultura popular, universidades e comunidades da periferia de Maceió. O Coletivo AfroCaeté desenvolve estratégias de valorização e difusão da cultura popular, seja pela realização de seminários, organização de caravanas culturais para festas populares em Alagoas e outros estados, seja com oficinas de percussão e fabricação de instrumentos percussivos, mesas redondas em espaços acadêmicos, celebração de datas importantes para cultura alagoana e afro-descendente, e participação em manifestações populares.

O grupo defende uma “alagoanidade” perpassada pelas expressões da cultura popular – guardiã e hospedeira das tradições, e a partir da valorização e reprodução dos ritmos alagoanos, nosso patrimônio cultural, buscam a transformação social.

“Nossos marcos de origem sinalizam aquilo que somos. Nossa compreensão e nossos sentidos norteiam aquilo que queremos ser. Traduzimos em nosso batuque as reminiscências ancestrais...” (trecho do Manifesto AfroCaeté, parte da fundação do grupo em fevereiro de 2009).


Serviço:
Projeto Instrumental no Arena – Ano 3
Teatro de Arena Sérgio Cardoso (anexo ao Teatro Deodoro)

Show "Uma batida entre sopros e cordas"
Com o grupo percussivo Coletivo AfroCaeté
Participação de Chau do Pife e Luiz Martins

Dia 04 de novembro de 2010
Horário: 20h

Ingressos à venda na bilheteria do teatro e com os músicos: R$ 5,00 e R$ 10,00

Maiores informações: (82) 3315-5665 / 3315-5656
http://www.teatrodeodoro.al.gov.br / http://ascomteatro.blogspot.com


Realização: Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (DITEAL)

Flores para Mestra Lúcia


por Christiano Barros

“Quando ouço o toque da corneta
Que o povo chega para embarcar
A despedida de nossa Baiana
Adeus Alagoana
Até quando eu voltar...”

No dia 29 de agosto, na Praça Santa Tereza (Vergel do Lago), Dona Lúcia, ou Marluce como era conhecida pelas amigas de seu baianá, recebia merecida homenagem. Estava muito contente, parecia estar em casa em meio aos componentes dos diversos grupos de cultura popular que se apresentaram na praça durante o encerramento do seminário Múltiplos Olhares sobre a Cultura Popular, no Agosto Popular. Ela, em cadeira de rodas, se movimentava atenta as apresentações. O marido explicou pra gente que preferia que ela recebesse a homenagem logo porque iria ficar pouco tempo, mas Dona Lúcia preferiu ficar até o final. E durante a homenagem ela não conteve a emoção e chorou. Dona Marlene e Dona Edna, companheiras do baianá, também acompanhavam emocionadas.

Dona Lúcia morreu nesta segunda-feira (25/10). Não resistiu a mais uma operação de amputação de parte de sua perna. Teve complicações durante a operação e veio a falecer em um hospital em Coruripe.

Ela tinha uma voz firme e uma imensa força de vontade. O Baianá que comandava, Flor de Lis do Santo Eduardo, representou Alagoas na tradicional Festa da Lavadeira, no município de Santo Agostinho (PE). Apesar da dificuldade de locomoção e da saúde frágil, durante a Festa ela era uma das mais empolgada. Lembro que foi uma longa caminhada até chegar ao município pernambucano. Saímos de Maceió, nas primeiras horas da manhã, embaixo de chuvas torrenciais e desembarcamos sob um sol escaldante na Praia do Paiva. Pouco tempo depois, em cortejo, seguimos por entre uma multidão de gente que participava da Festa até subir ao imenso palco montado na Praia. Não existia cansaço e o Baianá mostrou ao povo de lá a força, o ritmo e as cores de nossa tradição. Encantou. Atordoado, quase que eu não conseguia fotografar. Muita gente acompanhava a apresentação. E, no final, quando ela descia do palco uma pessoa que assistia atenta ao baianá pegou na mão de Dona Marluce e disse: “Minha Preta, essa coroa aí não é pra qualquer um não. Você merece! Parabéns...”. Dona Lúcia agradeceu o elogio e, contente, desceu do palco junto com seu baianá.

Na manhã de terça (26/10), no cemitério do Jaraguá, os parentes e amigos mais próximos que acompanhavam o enterro cantaram músicas do baianá para se despedir enquanto o caixão era coberto de terra.

Mestra Lúcia era uma pessoa especial, viverá pra sempre em nossa memória.





Coletivo AfroCaeté: Uma Batida entre Sopros e Cordas



A Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (DITEAL) apresenta na quinta (04 de novembro) o quinto e penúltimo espetáculo da temporada do projeto Instrumental no Arena, a partir das 20h, com ingressos a R$ 10,00 e R$ 5,00, realizado no Teatro de Arena Sérgio Cardoso. Dessa vez o show será “Uma batida entre sopros e cordas”, que é um momento novo para o grupo percussivo Coletivo AfroCaeté. O grupo formado há quase dois anos, habituado com apresentações em espaços abertos, com o peso de vários instrumentos e o reforço das loas e canções, embarca nessa aventura em busca de mais uma forma de experimentar a cultura popular.


O projeto Instrumental no Arena visa estimular a produção da música instrumental em Alagoas com apresentações mensais com ingressos a preços populares com arenda revertida 100% para o artista ou grupo.

Todo apoio as lutas populares.


Somos solidários a luta da organização da maior festa popular do nordeste, a Festa da Lavadeira, travada   contra os interesses econômicos que se arvoram na região da praia do paiva em Pernambuco. Disponibilizamos aqui a  lei municipal que tenta sufocar uma das mais belas afirmações identitárias da cultura nordestina. Para maiores informações acesse http://www.praiadopaiva.blogspot.com/




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